Que preciosa é cada alma aos olhos de Deus!
São João-Maria Vianney (1786-1859) presbítero, Cura de Ars – Sermão para o 9.º Domingo depois do Pentecostes
Para sabermos o preço da nossa alma, basta-nos considerar o que Jesus Cristo fez por ela. Qual de nós, meus irmãos, poderá jamais compreender quanto o bom Deus estima a nossa alma, Ele que fez tudo o que é possível a um Deus para tornar feliz uma criatura. Para Se sentir mais inclinado a amá-la, quis criá-la à sua imagem e semelhança, a fim de que, contemplando-a, pudesse contemplar-Se a Si mesmo. Assim, vemos que trata a nossa alma pelos nomes mais ternos e os mais capazes de mostrar um amor até ao excesso: chama-lhe sua filha, sua irmã, sua amada, sua esposa, sua única, sua pomba. Mas isso não basta: o amor manifesta-se mais claramente pelos atos do que pelas palavras. Vede a sua ânsia de descer do Céu, de tomar um corpo como o nosso; desposando a nossa natureza, desposou todas as nossas fraquezas, à exceção do pecado: ou melhor, quis tomar sobre Si a justiça que seu Pai nos exigia. Vede o seu aniquilamento no mistério da encarnação. […] Não é este, meus irmãos, um amor digno de um Deus que é amor? Não nos mostra, meus irmãos, o valor que dá a cada alma? Não será suficiente para nos fazer compreender o seu valor e o cuidado que devemos ter com cada uma? Ah, meus irmãos, se tivéssemos a felicidade de, uma vez na vida, compreender a beleza e o valor da nossa alma, não estaríamos prontos, como Jesus Cristo, a fazer todos os sacrifícios para a conservar? Oh, como é bela uma alma, como é preciosa aos olhos do próprio Deus! Como é possível que pensemos tão pouco nela e a tratemos com mais dureza que ao mais vil dos animais?