«Proibiu-lhes severamente de o dizerem fosse a quem fosse [que Ele era o Messias de Deus]»
São João Crisóstomo (c. 345-407)presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilias sobre o Evangelho de Mateus, nº 54, 1-3
«Proibiu-lhes severamente de o dizerem fosse a quem fosse». Porquê esta ordem? Para que, uma vez afastado todo e qualquer motivo de escândalo, consumadas a cruz e a Paixão, eliminado todo e qualquer obstáculo capaz de afastar a multidão da crença nele, se gravasse profundamente e para sempre nos corações o conhecimento exato daquilo que Ele era. O seu poder ainda não tinha brilhado de forma deslumbrante. Ele queria que a evidência da verdade e a autoridade dos factos confirmasse o seu testemunho, para que, depois, os apóstolos pudessem anunciá-lo. Pois uma coisa era vê-lo multiplicar prodígios na Palestina e seguidamente ser alvo de perseguições e ultrajes — e a cruz seguir-se-ia a estes prodígios; outra coisa era vê-lo ser adorado, acreditado em toda a terra, salvo dos maus tratos que tinha sofrido. Por isso lhes recomendou que nada dissessem a ninguém. […] Se os apóstolos, que haviam sido testemunhas dos milagres e participado em tantos mistérios inexprimíveis, tinham dificuldade em aceitar uma única palavra a respeito da Paixão ─ incluindo o próprio Pedro, que era o chefe de todos (cf Mt 16,22) ─, o que teria pensado o comum dos mortais? Depois de ter ouvido dizer que Jesus era o Filho de Deus, que pensariam eles ao vê-lo sujo de escarros e pregado à cruz? E isto antes da vinda do Espírito Santo, quando ainda não se conhecia a razão destes mistérios?