Ó troca admirável: Ele morreu para nos dar a vida!
Santo Agostinho (354-430) bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
«Tratado sobre a Paixão do Senhor», 1-2: PLS 2, 545-546
A Paixão de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é um penhor de glória e uma lição de paciência. O que não pode esperar da graça divina o coração dos crentes, quando o Filho unigénito e coeterno do Pai, não Se contentando em nascer homem entre os homens, também quis morrer às mãos dos homens que tinha criado! Grandes são as promessas do Senhor. Mas o que Ele já fez por nós, e de que fazemos memória, é ainda maior. Onde estavam e quem eram esses ímpios por quem Cristo morreu? Se Ele lhes deu a sua morte, quem pode duvidar de que dará a vida aos justos? Porque hesita a fraqueza humana em acreditar que chegará um dia em que os homens viverão com Deus? O que já aconteceu é muito mais incrível: Deus morreu pelos homens. Cristo é o que dele diz a Escritura: «No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus» (Jo 1,1); e este Verbo de Deus «fez-Se carne e habitou entre nós» (Jo 1,14). Ele não poderia morrer se não tivesse tomado de nós uma carne mortal: foi assim que o imortal pôde morrer, foi assim que quis dar a sua vida aos mortais. Mais tarde, partilhará a sua vida com aqueles cuja condição partilhou. Por nós próprios, não tínhamos a possibilidade de viver, nem Ele tinha a possibilidade de morrer; por isso, Ele fez connosco esta troca admirável: aquilo pelo qual morreu era nosso, e aquilo pelo qual nós viveremos será dele.