O meu nome é glorificado entre as nações
Com a vinda do nosso Salvador, o templo de Deus apareceu incomparavelmente mais glorioso, e tanto mais excelente e grandioso que o antigo, quanto se pode julgar superior ao culto da religião legal o culto de Cristo e do Evangelho, quanto se pode julgar superior a realidade à sua sombra. Penso que ainda se pode dizer mais. O templo era um só, encontrava-se unicamente em Jerusalém e só o povo de Israel oferecia nele sacrifícios. Mas depois que o Unigénito Se fez nosso semelhante, sendo Ele Deus e Senhor que fez brilhar sobre nós a sua luz, como diz a Escritura, toda a terra se encheu de templos santos e de inumeráveis adoradores que veneram o Deus do universo com sacrifícios e incensos espirituais. Creio que é precisamente isto o que o profeta Malaquias anunciou em nome de Deus: Do Oriente ao Ocidente, diz o Senhor, o meu nome é glorificado entre as nações e em todo o lugar se oferece ao meu nome o incenso e a oblação pura. É verdade, portanto, que a glória do novo templo, isto é, da Igreja, havia de ser maior que a do antigo. A Escritura declara que todos aqueles que trabalham e se esforçam na construção deste templo hão-de receber, como recompensa do Salvador e dom do Céu, o próprio Cristo, que é a paz de todos os homens, pelo qual temos acesso ao Pai num só Espírito. Diz com efeito a Escritura: Farei reinar a paz neste lugar e darei a paz da alma a todo aquele que trabalhar na edificação deste templo. De maneira semelhante diz Cristo: Dou-vos a minha paz. E São Paulo fala-nos dos frutos desta paz que se dá aos que amam o Senhor: A paz de Deus que supera toda a inteligência guardará os vossos corações e os vossos pensamentos. Também o sábio Isaías orava neste sentido, dizendo: Senhor nosso Deus, Vós nos dareis a paz, porque em nosso favor realizastes obras grandiosas. Uma vez possuída a paz de Cristo, facilmente conservaremos a vida da alma e poderemos orientar a nossa vontade para a prática perfeita das virtudes. Por isso se diz que a paz é prometida a todos aqueles que se consagram à construção deste templo: quer se dediquem à edificação da Igreja interpretando os sagrados mistérios, isto é, como mistagogos à frente da Casa de Deus, quer se entreguem à santificação da própria alma, como pedras vivas e espirituais que formam um templo santo e morada de Deus, por meio do Espírito, todos eles alcançarão facilmente a salvação da sua alma.
Do Comentário de São Cirilo de Alexandria, bispo, sobre o profeta Ageu (Cap. 14: PG 71; 1047-1050) (Sec. V)