«Não temas receber Maria, tua esposa»
São João Paulo II (1920-2005)papa
São José na vida de Cristo e da Igreja (Redemptoris Custos), §§ 18-19
Dirigindo-Se a José por meio das palavras do anjo, Deus dirige-Se a ele como esposo da Virgem de Nazaré. Simultaneamente, o que nela se realizou por obra do Espírito Santo manifesta a confirmação especial do vínculo esponsal que já antes existia entre José e Maria. O mensageiro diz claramente a José: «Não temas receber Maria, tua esposa»; por conseguinte, o que tinha acontecido anteriormente – os seus esponsais com Maria – tinha sucedido por vontade de Deus e devia ser conservado. Na sua maternidade divina, Maria há de continuar a viver «como uma virgem, esposa de um esposo» (cf Lc 1,27). Nas palavras da «anunciação» noturna, José não escuta apenas a verdade divina acerca da inefável vocação da sua esposa, ouve também novamente a verdade acerca da sua própria vocação. Este homem «justo», que, segundo o espírito das mais nobres tradições do povo eleito, amava a Virgem de Nazaré e a ela se encontrava ligado por amor esponsal, é novamente chamado por Deus para este amor. «José fez como lhe ordenara o anjo do Senhor, e recebeu sua esposa»; «o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo»: à vista de tais expressões, não se imporá porventura concluir que também o seu amor de homem tinha sido regenerado pelo Espírito Santo? Não se deverá pensar que o amor de Deus, que foi derramado no coração humano pelo Espírito Santo (cf Rom 5,5), forma do modo mais perfeito todo o amor humano? Este amor de Deus forma também – e de maneira absolutamente singular – o amor esponsal dos cônjuges, aprofundando tudo o que ele tem de humanamente digno e belo, e as características da entrega exclusiva, da aliança das pessoas e da comunhão autêntica, a exemplo do mistério trinitário.