«Mártires incapazes de confessar o nome do teu Filho e todavia glorificados pelo seu nascimento» (Postcommunio)
São John Henry Newman (1801-1890) teólogo, fundador do Oratório em Inglaterra
Sermão «The mind of little children»; PPS II, 6
É de toda a justiça que celebremos a morte destes Santos Inocentes, porque ela é santa. Quando os acontecimentos nos aproximam de Cristo, quando sofremos por Cristo, esse é seguramente um privilégio imenso – qualquer que seja o sofrimento, mesmo que naquele momento não estejamos conscientes de estar sofrer por Ele. As crianças que Jesus tomou nos braços também não podiam compreender, nesse momento, de que condescendência admirável estavam a ser objeto; mas a bênção do Senhor era um privilégio real. Paralelamente, este massacre das crianças de Belém tem para elas lugar de sacramento: era a caução do amor do Filho de Deus para com aqueles que experimentaram esse sofrimento. Todos os que se aproximaram dele sofreram mais ou menos, pelo simples facto desse contacto, como se emanasse dele uma força secreta que purifica e santifica as almas através das penas deste mundo. Foi o caso dos Santos Inocentes. Verdadeiramente, a própria presença de Jesus tem lugar de sacramento: todos os seus atos, todos os seus olhares, todas as suas palavras comunicam a graça aos que aceitam recebê-la – quanto mais aos que aceitam tornar-se seus discípulos. O martírio foi considerado, desde os inícios da Igreja, uma forma de batismo, um verdadeiro batismo de sangue, que tem a mesma eficácia sacramental que a água que regenera. Somos, pois, convidados a reconhecer estas crianças como mártires e a usufruir o testemunho da sua inocência.