«Louvai a Deus no seu santuário. […] Tudo o que respira louve o Senhor!» (Sl 150, 1.6)
Já na Antiga Aliança havia uma certa compreensão do carácter eucarístico da oração. A prodigiosa construção da Tenda da Aliança (cf Ex 25s), tal como, mais tarde, a do Templo de Salomão (cf 1Rs 5-6), é imagem de toda a Criação agrupando-se em torno do seu Senhor para O adorar e servir. […] Da mesma forma que, segundo a narração da criação, o céu foi desdobrado como um toldo (cf Sl 104 [103],2), assim também a Tenda era constituída por painéis de tecido; do mesmo modo que as águas que estavam sob o firmamento foram separadas das que estavam por cima (cf Gn 1,7), assim também o véu do Templo separava o santo dos santos dos espaços envolventes. […] O candelabro de sete braços era igualmente símbolo dos luzeiros do céu, tal como cordeiros e pássaros representavam a abundância de seres vivos que habitam as águas, o solo e os ares. E, do mesmo modo que a terra foi confiada ao homem (cf Gn 1,28), cabia ao sumo sacerdote permanecer no santuário (cf Lv 21,10s). […] Em lugar do Templo de Salomão, Cristo edificou um templo de pedras vivas (cf 1Pe 2,5), a comunhão dos santos, no centro do qual Ele permanece como sumo sacerdote eterno e sobre cujo altar é Ele próprio o sacrifício oferecido eternamente. E toda a criação participa desta liturgia: os frutos da terra, a ela associados em misteriosa oferenda, assim como as flores, as lâmpadas, as tapeçarias e o reposteiro do Templo, o sacerdote consagrado, a unção e a bênção da casa de Deus. Nem sequer os querubins, cujas figuras esculpidas montavam guarda ao santo dos santos, estão ausentes: agora, são os monges que, semelhantes aos anjos, não cessam de louvar a Deus dia e noite, na terra como no céu. […] Os seus cânticos de louvor convidam desde a aurora toda a criação a enaltecer em uníssono o Senhor: montanhas e colinas, rios e cursos de água, mares e terra firme e tudo o que neles habita, nuvens e ventos, chuva e neve, todos os povos da terra, homens de todas as raças e condições, habitantes do Céu, todos os santos e anjos de Deus (cf Dn 3,57-90). […] Queiramos associar-nos, na nossa liturgia, a este louvor eterno de Deus. E quem somos nós? Não são apenas os religiosos regulares […], é todo o povo cristão.
Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) (1891-1942) carmelita, mártir, co-padroeira da Europa – A oração da Igreja