«Filho de David, tem piedade de nós»

Hildebrando (séc. XIII)monge cisterciense
Opúsculo sobre a contemplação

Jesus bendito, minha esperança, minha espera, meu amor, tenho uma coisa para Te dizer, uma coisa a teu respeito, cheia de dor e de miséria. Tu, que és o Verbo, o unigénito do Pai ingerado, que Se fez carne por mim, o Verbo que saiu do coração do Pai, o Verbo que Deus pronunciou uma só vez (cf Heb 9,26), o Verbo pelo qual, «nos últimos dias» (Heb 1,2), o teu Pai celeste me falou, digna-Te escutar, ó Verbo de Deus, a palavra que os desejos abundantes fazem sair do meu coração. Escuta e vê: a minha alma fica triste e perturbada quando me perguntam todos os dias: «Onde está o teu Deus?» (Sl 41,4). Não sei responder, receio que não estejas aqui, não sinto a tua presença. O meu coração está abrasado, anseio por ver o meu Senhor. Onde estão a minha paciência e a minha constância? És Tu, Senhor meu Deus, o que hei de fazer? Procuro-Te e não Te encontro; desejo-Te e não Te vejo; persigo-Te e não Te agarro. Que força tenho para suster? Até onde poderei suster? Haverá coisa mais triste que a minha alma? Mais miserável? Mais provada? Pensas, meu amor, que a minha tristeza se transformará em alegria quando Te vir? (cf Jo 16,20) […] «Fala, Senhor, que o teu servo escuta» (1Sm 3,9). Que eu escute o que me dizes, Senhor meu Deus. Diz à minha alma: Eu sou a tua salvação (cf Sl 84,9; 34,3). Diz mais, Senhor, e fala, para que eu Te ouça: «Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu» (Lc 15,31). Ah, a palavra de Deus Pai, era isso que eu queria ouvir.

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