«Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob» (Ex 3,6)

Santo Agostinho (354-430)bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermão para o Sábado Santo, 5; PL 46,825-826

Quando Deus, que é invisível, Se dignou dirigir-Se ao homem, aparecendo-lhe sob uma forma visível, quando o Eterno usou uma linguagem temporal e o Imutável palavras frágeis, dizendo: «Eu sou aquele que sou» (Ex 3,14) […], acrescentou ao nome da sua substância o nome da sua misericórdia. […] É como se Deus tivesse dito a Moisés: «Não compreenderás estas palavras: “Eu sou aquele que sou”; o teu coração não é inabalável; não és imutável como Eu, nem o é o teu espírito. Ouviste o que Eu sou. Escuta o que podes compreender, escuta o que podes esperar». E Deus disse a Moisés: «”Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob” (Ex 3,15). Não podes compreender o nome da minha substância; compreende o nome da minha misericórdia. O que eu sou é eterno. Abraão, Isaac e Jacob são, portanto, eternos; não digo simplesmente que são eternos, mas que foram tornados eternos, e tornados eternos graças a Deus». Foi com essas palavras que o Senhor confundiu os saduceus quando estes negaram a ressurreição; depois, citou-lhes o testemunho da Escritura: não lestes no Livro de Moisés, no episódio da sarça ardente, como Deus disse: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob”? Ele não é Deus de mortos, mas de vivos»; pois todos estes estão vivos. Quando Deus diz […]: «Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob», acrescenta: «Este é o meu nome para sempre» (Ex 3,15). É como se dissesse: «Porque temeis a morte do homem? Porque temeis que ele deixe de existir depois da morte? Este é o meu nome para toda a eternidade. E este nome: “Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacob” não poderia ser eterno se Abraão, Isaac e Jacob não vivessem para sempre».

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *