«E, se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo»

São Gregório Magno (c. 540-604)papa, doutor da Igreja
Morais sobre Job, livro XI, SC 212

«A sabedoria está nos cabelos brancos e a inteligência, na longevidade» (Jb 12,12). As palavras que se mantêm firmes na raiz da sabedoria são as que adquirem a sua força numa arte de viver que se prova pelos atos. Mas, como a vida longa é muitas vezes concedida sem a graça da sabedoria, é justo nomear agora aquele cujo julgamento dispensa esses dons, e o texto acrescenta: «Nele residem a sabedoria e o poder. Ele possui o conselho e a inteligência» (Jb 12,13), palavras que aplicamos, não sem pertinência, ao Filho único do Pai soberano, compreendendo que Ele é a sabedoria e a força de Deus. Paulo dá testemunho dessa compreensão quando diz que «Cristo é poder e sabedoria de Deus» (1Cor 1,24), Ele que está sempre em Deus, pois «no princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus» (Jo 1,1). Ora, Deus tem conselho e entendimento: conselho, porque ordena os seus atos; entendimento, porque conhece os nossos. O conselho também pode designar a lentidão do seu juízo secreto, ou seja, o facto de Ele tardar em punir os culpados, não por desconhecer as suas infrações à justiça, mas para que se veja que a condenação, diferida com vista à penitência, resulta de um conselho.

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