Deus é fiel às suas promessas

   Consideremos, amados irmãos, como o Senhor nos manifesta continuamente a verdade da nossa futura ressurreição, cujas primícias realizou em Nosso Senhor Jesus Cristo, ressuscitando‑O de entre os mortos. Pensemos, amados irmãos, na ressurreição que nos mostra a lei do tempo. O dia e a noite falam‑nos da ressurreição. Vai‑se a noite e desponta o dia; morre o dia e vem a noite. Tomemos como exemplo os frutos da terra. Como se faz a sementeira e como germina a semente? Sai o semeador e lança a semente à terra. Os grãos da semente, secos e nus, caem na terra e desagregam‑se; mas a maravilhosa providência do Senhor fá‑los ressuscitar desta mesma desagregação, e de um só grão nascem muitos, que crescem e dão fruto. Com esta esperança, unam‑se as nossas almas Àquele que é fiel às suas promessas e justo em seus juízos. Quem nos proíbe mentir, certamente não mentirá. Nada é impossível a Deus, excepto a mentira. Reavive‑se, portanto, a nossa fé n’Ele e acreditemos que tudo Lhe é possível. Com uma palavra da sua majestade criou o universo e também com uma palavra pode reduzi‑lo a nada. Quem ousaria perguntar‑Lhe: Que fizestes? Ou quem poderia opor‑se ao seu poder? Ele faz todas as coisas quando quer e como quer, e nada do que Ele decretou ficará por cumprir. Tudo está na sua presença e nada se opõe à sua vontade; porque os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos; um dia transmite ao outro esta mensagem e a noite a dá a conhecer à outra noite; não são palavras nem linguagem cujo sentido se não perceba. Se Ele tudo vê e tudo ouve, vivamos em santo temor e afastemo‑nos de todo o desejo impuro das obras más, a fim de que a sua misericórdia nos defenda no dia do juízo que há‑de vir. Para onde poderíamos fugir da sua mão omnipotente? Que mundo poderia acolher um desertor de Deus? Diz algures a Sagrada Escritura: Para onde irei? Onde poderei evitar a vossa presença? Se subir ao céu, Vós lá estais; se voar para as extremidades da terra, ali está a vossa direita; se descer aos abismos, aí encontrarei o vosso espírito. Em que lugar, portanto, poderia alguém refugiar‑se para escapar Àquele que tudo abrange? Aproximemo‑nos de Deus com a alma santificada, erguendo para Ele as nossas mãos puras e sem mancha; amemos o nosso Pai benigno e misericordioso, que nos escolheu para sermos a sua herança.

Da Carta de São Clemente I, papa, aos Coríntios (Cap. 24, 1-5; 27, 1 – 29, 1: Funk 1, 93-97) (Sec. I)

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