Contra o zelo intempestivo
Beato Columba Marmion (1858-1923) abade
O bom zelo
Há um zelo que é excessivo, sempre tenso, sempre preocupado, atormentado, agitado; nada é suficientemente perfeito para as almas possuídas por este ardor. […] [São Bento] protege cuidadosamente o abade deste zelo excessivo. «Que ele não seja trapalhão, nem preocupado, nem impaciente, nem obstinado, nem ciumento, nem demasiado desconfiado, pois assim nunca terá descanso». «Nas próprias correções, aja com prudência e não cometa nenhum excesso; não aconteça que, esforçando-se demasiado por limpar o vaso, acabe por parti-lo» (Regra, cap. 69). Porque é que este zelo é «amargo»? Porque é impaciente, é indiscreto e falta-lhe unção. É deste zelo que Nosso Senhor fala na parábola do semeador, quando os servos pedem ao dono do campo para ir arrancar o joio semeado pelo inimigo, sem pensar que correm o risco de arrancar também a boa semente: «Queres que vamos?». Foi este zelo que encheu os discípulos de indignação, levando-os a querer fazer descer fogo do céu sobre aquela cidade da Samaria, para a castigar por não ter acolhido o seu divino Mestre: «Senhor, queres? Basta uma palavra tua»; «Senhor, queres que digamos para um fogo descer do céu?»; e que responde Jesus a este ardor apaixonado? «Repreendeu-os severamente» (Lc 9,54-55), porque o Filho do Homem não veio à terra para perder, mas para salvar almas (cf ad.).