«Aquele que Deus enviou transmite as palavras de Deus, porque dá o Espírito sem medida»
Santo Agostinho (354-430)bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Confissões XI, 2, 3
Senhor meu Deus, luz dos cegos e força dos fracos, mas também luz dos que veem e força dos fortes, escuta a a minha alma, ouve-a gritar do fundo do abismo (cf Sl 192,1). Pois se Tu não nos escutares do fundo do abismo, aonde iremos? A quem dirigiremos os nossos apelos? «Teu é o dia, tua é também a noite» (Sl 73,16). A um sinal teu, todos os instantes desaparecem. Dá aos nossos pensamentos o tempo necessário para investigarem os recessos profundos da tua lei e não feches a porta àqueles que batem (cf Mt 7,7). Com razão quiseste que se escrevessem tantas páginas cheias de sombras e de mistérios, belas florestas onde os veados se refugiam e restauram as forças, onde passeiam e pastam, onde se deitam e ruminam. Ó Senhor, conduz-me ao termo e revela-me os seus segredos. A tua palavra é toda a minha alegria, a tua palavra é mais doce que uma torrente de volúpias. Concede-me que Te ame, porque o amor é um dom teu. Não abandones os teus dons, não desdenhes deste talo de erva sedento. Que eu proclame tudo quanto descobrir nos teus livros; faz-me «ouvir a voz dos teus louvores» (Sl 25,7). Possa eu beber da tua palavra e considerar as maravilhas da tua lei (cf Sl 118,18), desde o instante em que criaste o céu e a terra até ao momento em que partilhar contigo o reino eterno na cidade santa.