A veste da alma

Santa Hildegard de Bingen (1098-1179) abadessa beneditina e doutora da Igreja
Livro das Obras Divinas, cap. 6

Quando as energias da alma arrancam os desejos carnais do espírito do homem, o desejo de Deus suspira dentro dele. Então, a alma entrelaça estes suspiros – a oração interior – e, tal como a abelha constrói um favo de mel na sua colmeia, assim se constrói na alma o palácio interior de Deus. […] As energias da alma têm uma força imensa, porque o homem conhece e sente Deus através delas, por muito dependente que esteja dos desejos da carne. O Criador da terra fez da alma uma verdadeira oficina; ela é o instrumento do homem para todas as suas obras, pois Deus criou-a em conformidade com ele. Esta alma, obra de Deus em pessoa, que opera até ao último dia do mundo, é para cada homem como que uma presença sagrada, divina, invisível. Depois do último dia do mundo, quando o homem tiver sido totalmente transformado em espírito, terá uma visão perfeita da sagrada divindade, de todos os espíritos e de todas as almas. A alma é uma energia fecunda, que comunica o seu movimento e a sua vida ao homem todo. Assim como o homem usa uma veste de tecido, assim também a alma se reveste de todas as obras que realiza, cobrindo-se com elas, tanto as boas como as más. Depois de deixar este corpo, as boas ações brilharão nela como uma veste decorada com o brilho do ouro mais puro, mas as más cheirarão mal como uma veste manchada de imundícies!

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