A origem da Quaresma: acompanhar os catecúmenos até ao seu batismo, na Páscoa
São Máximo de Turim (?-c. 420) bispo Sermão 28, PL 57, 587-590
Depois deste tempo consagrado à observância do jejum, a alma chega, purificada e esgotada, ao batismo. Recobra então as forças mergulhando nas águas do Espírito; tudo o que tinha sido queimado pelas chamas das doenças renasce do orvalho da graça do céu. Abandonando a corrupção do homem velho, o neófito adquire uma nova juventude […]. Com o novo nascimento, renasce outro homem, sendo embora o mesmo que tinha pecado. Por meio de um jejum ininterrupto de quarenta dias e quarenta noites, Elias mereceu pôr fim, graças à água que veio do céu, a uma seca longa e penosa em toda a terra (cf 1Rs 19,8; 18,41): extinguiu a sede ardente do solo trazendo-lhe uma chuva abundante. Estes factos produziram-se para nos servirem de exemplo, a fim de merecermos, após um jejum de quarenta dias, a chuva bendita do batismo, para que a água que vem do céu regue a terra árida dos nossos irmãos do mundo inteiro. O batismo, qual rega de salvação, porá fim à longa esterilidade do mundo pagão. Com efeito, todo aquele que não foi banhado pela graça do batismo sofre de seca e de aridez espiritual. Através de um jejum com o mesmo número de dias e noites, o santo Moisés mereceu falar com Deus, ficar, permanecer com Ele, receber das suas mãos os preceitos da Lei (Ex 24, 18). […] Também nós, irmãos muito queridos, jejuamos com fervor durante todo este período, para que […] se nos abram os céus e se nos feche o inferno.