A luz da Verdade imutável

São Tomás de Aquino (1225-1274) teólogo dominicano, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de São João

O símbolo de João é a águia. Enquanto os outros três evangelistas trataram daquilo que Cristo cumpriu na carne, sendo por isso designados por seres vivos da terra, a saber, o homem, o touro e o leão, João, que voa como uma águia por sobre as nuvens da fragilidade humana, contempla a luz da Verdade imutável com os olhos do coração, com o mais penetrante e firme olhar que é possível ao homem. Atento à divindade de Cristo, pela qual Jesus é igual ao Pai, João esforçou-se por exprimi-la no seu Evangelho, tanto quanto, homem entre os homens, lhe pareceu necessário. Diz o Livro de Job sobre esse voo de João: «A águia [isto é, João] levanta voo» (Jb 39,27); e ainda: «Os seus olhos descobrem à distância» (Jb 39,29), porque ele contempla o próprio Verbo de Deus no seio do Pai com o olhar do espírito. O privilégio de João foi ser, de entre todos os discípulos do Senhor, o mais amado por Cristo; de facto, João era «o discípulo predileto de Jesus» (Jo 21,20), como ele próprio diz, sem se nomear. Assim, pois, Cristo revelou os seus segredos de maneira especial a este discípulo especialmente amado. Foi ele quem, vendo com maior perfeição a luz do Verbo, no-la comunicou: «O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem» (Jo 1,9).

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