A grande felicidade de ser todo de Deus

Compreendi que, dada a sua grandeza infinita, é uma grande alegria sermos todos de Deus. Deus trata-nos com muito respeito chamando-nos à santidade. Compreendi isto por comparação com um rei que escolhe um dos seus súbditos para ser exclusivamente seu, não querendo que ele preste serviço senão à sua pessoa, querendo ter toda a sua amizade; sobretudo se o príncipe for de grande mérito. Amamos o rei mesmo que nunca o tenhamos visto, mesmo que nunca o vejamos, mesmo que ele não nos ame, nem conheça os nossos sentimentos, nem nos conheça, e mesmo que, se nos conhecesse, não nos desse qualquer atenção. E não haveremos de amar a Deus, a quem não vemos, é certo, mas que veremos para sempre, que nos vê, que nos ama, que nos faz bem, que testemunha todos os nossos pensamentos! – É que o Rei é o nosso senhor; mas Deus é ainda mais: é o nosso Criador, o nosso Pai, e assim por diante! Se Deus reina em nós, tudo Lhe obedecerá, tudo se fará segundo a menor das suas ordens, nada se fará sem ser por sua ordem. Além disso, procuraremos agradar-Lhe em tudo, estudaremos as suas inclinações, anteciparemos os seus desejos, faremos, sempre e em tudo, o que pensamos que Lhe agradará mais; pois temos duas atitudes em relação aos reis: submissão cega e complacência extrema, fazer o que agrada a Deus e o que mais Lhe agrada.

São Cláudio de la Colombière (1641-1682) jesuíta – Diário espiritual

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