«A casa encheu-se com o perfume do bálsamo»

Guilherme de Saint-Thierry (c. 1085-1148) monge beneditino, depois cisterciense
Orações para meditar, n.° 5

Desde a infância, não parei de pecar, e Tu não cessaste de me fazer bem. […] Mas que o teu juízo se transforme em misericórdia, Senhor. […] Que o meu coração seja digno do fogo do teu perfeito amor, que o seu calor intenso faça sair de mim e consuma todo o veneno do pecado! Que ponha a nu e afogue nas lágrimas dos meus olhos a infeção da minha consciência. Que a tua cruz crucifique tudo o que a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e o orgulho da vida corromperam devido à minha prolongada negligência. Senhor, quem o desejar pode ouvir-me e troçar a minha confissão: ver-me prostrado, como a pecadora, aos pés da tua misericórdia, banhando-os com as lágrimas do meu coração, vertendo sobre eles o perfume de uma terna devoção (cf Lc 7,38). Que todos os meus recursos de corpo e alma, por pobres que sejam, sirvam para comprar este perfume que Te agrada. Derramá-lo-ei sobre a tua cabeça, sobre Ti cuja cabeça é Deus; e sobre os teus pés, sobre Ti cuja extremidade é a nossa natureza fraca. Ainda que o fariseu murmure, Tu, meu Deus, tem piedade de mim! Ainda que o ladrão aperte os cordões da bolsa rangendo os dentes, desde que eu Te agrade, pouco me importa incomodar seja quem for. Ó amor do meu coração, que em cada dia eu verta sem parar este perfume, porque, derramando-o sobre Ti, derramo-o também sobre mim. […] Concede-me o dom de Te entregar lealmente tudo o que tenho, tudo o que sei, tudo o que sou, tudo o que posso! Que fique sem nada! Estou aos pés da tua misericórdia, aonde permanecerei, chorando, até que me faças escutar a tua doce voz, o juízo da tua boca, a sentença da tua e da minha justiça: «São-lhe perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou» (Lc 7,47).

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