«Porque pede esta geração um sinal?»
Santo Agostinho (354-430)bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermão 126, 4-5
Admirai as maravilhas de Deus; saí do vosso sono. Admirais apenas os prodígios extraordinários? Mas serão tais prodígios maiores do que os que ocorrem todos os dias diante dos vossos olhos? Surpreendemo-nos com o facto de Nosso Senhor Jesus Cristo ter saciado vários milhares de pessoas com cinco pães (cf Mt 14,19ss), e não nos espanta o facto de umas quantas sementes serem suficientes para cobrir a terra com colheitas abundantes? Enchemo-nos de admiração ao ver o Salvador mudar a água em vinho (cf Jo 2,19); pois não acontece o mesmo quando a chuva passa pelas raízes da videira? O autor destes prodígios é o mesmo. […] O Senhor operou prodígios, e contudo foram muitos os que O desprezaram […], pois diziam: «Estas obras são divinas, mas Ele é apenas um homem». Portanto, vês duas coisas: de um lado, obras divinas, e do outro, um homem. Se estas obras divinas só podem ser feitas por Deus, não estará Deus escondido neste homem? Sim, presta muita atenção ao que vês, e acredita naquilo que não vês. Aquele que te chama a acreditar não te abandonou à tua sorte; pedindo-te para acreditares no que não podes ver, não te deixou sem nada que vejas, para te ajudar a acreditar no que não vês. Parece-te que a criação é fraco sinal, fraca manifestação do Criador? Além disso, ei-lo que vem ao mundo e que faz milagres. Tu não podias ver a Deus, mas podias ver os homens; então, Deus fez-Se homem, para que aquilo que vês e aquilo em que acreditas sejam uma só e mesma coisa.