Os bens temporais ou a riqueza eterna?

Santa Catarina de Sena (1347-1380) terceira dominicana, doutora da Igreja, copadroeira da Europa
A Providência da misericórdia, cap. XVI, n.º 150

[Santa Catarina ouviu Deus dizer-lhe:] Minha querida filha, que vergonha esses homens tão miseravelmente ávidos dos bens deste mundo que nem as indicações da luz natural para a aquisição do bem supremo e eterno querem seguir! Nem sequer fazem o que fizeram os filósofos por amor à ciência: apercebendo-se de que as riquezas eram para eles um obstáculo, despojaram-se delas; e eles fazem da riqueza o seu deus, nem mais nem menos! Pois não é evidente que lamentam mais perder esses bens temporais do que perder-Me a Mim, o bem supremo, a riqueza eterna? Se vires bem, descobrirás que é neste desejo desordenado, nesta vontade desenfreada de enriquecer, que está a fonte de todos os males. […] No santo Evangelho, a minha Verdade disse-vos que era mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus! Os ricos são aqueles que, por um apego desordenado aos bens deste mundo, possuem ou cobiçam riquezas. Há muitos, como já vos disse, que, embora pobres na realidade, não deixam de possuir, pelo seu apego desordenado, o mundo inteiro, pelo facto de desejarem tornar-se senhores dele. Esses não conseguirão passar pela porta estreita e baixa, a não ser que larguem o fardo, afastando o coração do amor ao mundo, e curvem a cabeça pela humildade. Mas esta é a porta pela qual têm de passar: não há outra que dê acesso à vida. Há uma porta larga, mas dá acesso à condenação eterna! E é por essa que estes cegos passam, sem verem a ruína para a qual avançam.

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