A esperança da vida é o princípio e o fim da nossa fé

Início da chamada Epístola de Barnabé
(Cap. 1, 1-8; 2, 1-5: Funk 1, 3-7) (Sec. II)

   Eu vos saúdo na paz, filhos e filhas, em nome do Senhor que nos amou.
   Grandes e abundantes são os dons de justiça que Deus vos concedeu; por isso me alegro  profundamente, ao saber que as vossas almas são bem‑aventuradas e gloriosas, porque acolhestes a graça do dom espiritual que se implantou entre vós. Cresce mais ainda a minha alegria e a esperança da minha própria salvação, ao contemplar como foi derramada sobre vós a abundância do Espírito que procede da fonte do Senhor. Foi deveras maravilhoso o espectáculo que oferecestes à minha vista.
   Estou plenamente convencido e consciente de que ao falar convosco vos ensinei muitas coisas, porque o Senhor me acompanhou no caminho da justiça; e sinto‑me fortemente estimulado a amar‑vos mais do que a minha própria vida, porque é grande a vossa fé e a vossa caridade, fundadas na esperança da vida divina. Tudo isto me leva a considerar que, se me empenho em comunicar‑vos alguma coisa do que eu mesmo recebi, não me faltará a recompensa por ter prestado este serviço às vossas almas; por isso resolvi escrever‑vos brevemente, a fim de que se enriqueça a vossa fé com um conhecimento mais perfeito. 
   São três os ensinamentos do Senhor: a esperança da vida é o princípio e o fim da nossa fé; a justiça é o princípio e o fim do julgamento; a caridade, que traz consigo a felicidade e a alegria, é o testemunho de que as nossas obras são justas. Efectivamente, o Senhor deu‑nos a conhecer por meio dos Profetas o passado e o presente, e fez‑nos saborear as primícias do futuro. Ao contemplarmos como todas estas coisas se vão realizando a seu tempo, conforme Ele anunciou, devemos progredir sempre no santo temor de Deus, cada vez mais perfeito e profundo. Quanto a mim, quero mostrar‑vos algumas coisas que vos sirvam de alegria na situação presente. Não vos falo como mestre, mas como irmão. 
   Os dias são maus e o adversário exerce o seu poder diabólico. Por isso temos de velar por nós mesmos e investigar cuidadosamente os desígnios do Senhor. O temor e a perseverança são o amparo da nossa fé; e os nossos companheiros de luta são a paciência e o domínio próprio. Se estas virtudes permanecerem puras diante do Senhor, possuiremos também a alegria da sabedoria, da inteligência, da ciência e do conhecimento. 
   Deus revelou‑nos, por meio de todos os Profetas, que não tem necessidade de sacrifícios, holocaustos e oblações. Eis o que Ele diz em certa passagem: De que Me serve a multidão dos vossos sacrifícios? – diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura dos vitelos; não quero o sangue de touros e cabritos. Porque vindes à minha presença? Quem reclamou isso das vossas mãos? Não continueis a pisar os meus átrios. Se Me ofereceis a flor da farinha, é em vão; o fumo de incenso Me repugna; já não suporto as vossas luas novas e os vossos sábados.

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