Se queres rezar bem
Evágrio do Ponto (345-399) monge do deserto do Egito – Capítulos sobre a oração, nn. 14-16, 20, 22, 128, 153, erradamente atribuídos a Nil, o asceta
A oração é filha da mansidão e da ausência de cólera. A oração é fruto da alegria e da ação de graças. A oração exclui a tristeza e o desânimo. […] Se queres rezar bem, a ninguém aborreças; de outra maneira, correrás em vão. Pois está dito: deixa a tua oferenda diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão (cf Mt 5,23-24); quando voltares, rezarás sem dificuldades. Porque o ressentimento cega a razão daquele que reza, e obscurece-lhe a oração. Quem acumula mágoas e rancores dentro de si é como quem tira água de um poço para a despejar num barril com buracos. […] Se queres rezar em espírito, não desgostes de ninguém, e não terás uma nuvem a obscurecer-te a visão durante a oração. […] A atenção em busca da oração encontrará a oração, pois, se há algo que segue a oração, é a atenção; temos, portanto, de nos aplicar a ela. Assim como a visão é o melhor de todos os sentidos, também a oração é mais divina do que todas as virtudes. […] Quando a tua oração te tiver elevado acima de qualquer outra alegria, então terás de verdade encontrado a oração.