Senhor, Tu és luz!
Simeão o Novo Teólogo (c. 949-1022), monge grego
Hino 18; SC 174
Como podemos falar de Ti, Senhor? Incompreensíveis e inacessíveis são as tuas obras, a tua glória e o teu conhecimento. No entanto, temos esperança, temos fé e conhecemos o amor que nos deste, um amor ilimitado, indizível, que nada pode conter; um amor que é luz, luz inacessível, luz que em tudo opera. O que não faz esta luz , o que não é! Ela é encanto e alegria, doçura e paz, misericórdia sem conta, abismo de compaixão. Sendo invisível, vemo-la; e compreendemo-la sem podermos contê-la. É intocável, impalpável, mas pode ser apreendida pelo meu espírito. Quando a possuo, não reparo nela; só a vejo quando desaparece; precipito-me para a agarrar, mas ela levanta voo. Não sei o que fazer e fico consumido; então, aprendo a pedir e a procurar com lágrimas e grande humildade, e a não considerar como possível o que está para além da natureza, nem como efeito do meu poder ou do esforço humano aquilo que é fruto da compaixão e da misericórdia infinita de Deus. […] A luz convida ao silêncio e ensina a humildade omnipotente. Por isso, quando a adquiro e me torno humilde, ela passa a habitar inseparavelmente comigo, une-se a mim e ilumina-me; olha para mim e eu olho para ela; está no meu coração e está no Céu. Esta luz revela-me as Escrituras, traz-me conhecimento e ensina-me mistérios que não consigo exprimir.